quarta-feira, 19 de maio de 2010

Eternamente Jovem

Todo mundo pensa em ser jovem eternamente, alguns chegam a gastar fortunas para conseguir uma aparência mais jovem, quando percebem os sinais do tempo em suas faces.Não se medem esforços para se obter um rosto jovem, não importa o sacrifício a ser feito para se permanecer com o frescor da vida estampado no rosto. Essa obsessão pela juventude, pela fase jovem de nossas vidas é porque há o mito de que se vive bem quando se é jovem, e nada mais. Ficar velho significa na nossa cultura entrar em decadência, ser esquecido, relegado a segundo ( até mesmo,terceiro) plano. Isso, é claro, faz parte da cultura ocidental, que prega a juventude como símbolo de Vida plena.É sabido que na cultura oriental o ancião é visto como o mais importante membro da sociedade. Bom, mas por que estou falando de tudo isso? Não tem nada a ver com estética, obsessão pela beleza ou coisas afins. O que quero falar é sobre o fato de que realmente alguns conseguiram permanecer jovens, isto é, não envelheceram. E nem nunca vão envelhecer. E por quê? Simples. Porque morreram! É isso: morreram jovens. Que melhor maneira de permanecer jovem para sempre, se não morrer quando se ainda está jovem. Parece mórbido demais? Depressivo demais? Exatamente isso! É claro que não estou falando de quem teve sua vida ceifada por fatores externos. Estou falando daqueles que ceifaram a si mesmos, privaram-se de observar, por mais repetitivo que pareça, o nascer do sol a cada dia. Privaram-se de contemplar o progresso do homem, seja tecnológico ou moral/intelectual. Privaram-se de descobertas, de achados, de momentos felizes...Aliás, foi por isso que se privaram da vida. Seus momentos felizes foram rareando, rareando, até desaparecerem por completo e só lhe restaram os choros, a tristeza, a infelicidade. Depressão não é brincadeira. Há algum tempo, ela era vista como "frescura", coisa de gente vagabunda, de desocupados (bom, creio que ainda até hoje assim o é). Mas o que as pessoas não sabem é que ela pode aparecer disfarçada,ou junto com outra enfermidade, ou ainda decorrer de uma enfermidade. O fato é que a depressão existe, é real; no passado ela era chamada de Melancolia. Basta olharmos os Ultra-românticos, do século XIX, Álvares de Azevedo, por exemplo. Jovens que, acometidos pela tuberculose, se entregaram à morte mais facilmente; nos nossos tempos, muitos artistas: poetas, músicos principalmente. Ontem, 18 de maio, há 30 anos, a música perdia um poeta/músico, porém ganhava um ícone: Ian Curtis. Aos 23 anos, no início da escalada musical de seu grupo e amigos, Joy Division, pôs fim à sua vida, enforcando-se. O que o levou a isso? Depressão. Nada mais do que depressão. Permaneceu jovem eternamente? Sim. Mas a que preço, não acho que vale a pena.É preciso prestar atenção aos sinais dessa doença. Estava distante dele e de tantos outros que tiveram o mesmo fim, mas sinto tanto por eles, pois acredito que só cometeram esse pecado (sim, pecado, acredito que é um pecado tirar a própria vida) pois não conseguiram vislumbrar uma única réstia de luz, uma única linha, por mais tênue que fosse, de salvação. Triste. Lamentável. Mas chegar a isso, é chegar realmente a uma via sem saída. Ser jovem é muito bom, mas envelhecer é melhor ainda.

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