Senhora Dona Razão
Poderia um dia
Deixar—me sentir?
Sentir o perfume alheio,
O riso solto e louco do
outro?
Senhora Dona Razão
Poderia deixar de ser
tão séria?
Que tal rir o riso bobo
dos casais,
Chorar o choro sentido,
dolorido da partida?
Senhora Dona Razão
Poderia andar comigo de
vez em quando?
Ensinar-me a não ser
enganado?
E eu te ensinaria
A caminhar nas nuvens.
Eu poderia te mostrar a
doçura de dois
Andarem descalços na
chuva de verão...
Oh, Senhora Dona Razão
Será que você poderia
deixar de lado
Os compromissos, as
fichas
As tarefas e vir comigo
se lambuzar
De sorvete na praça?
Senhora Dona Razão
Deixa eu viver também,
O Amor me espera!
Mas ele pode se cansar,
E então serei pedra.
Por isso, Senhora Dona
Razão
Abra-se para o amor e
Deixa-me sentir!
Assinado: O Coração!



